A Curva de Phillips e as Relações entre Inflação e Desemprego

A Curva de Phillips e as Relações entre Inflação e Desemprego
A Curva de Phillips e as Relações entre Inflação e Desemprego

A análise das interações entre inflação e desemprego ganhou relevância a partir do estudo de A. W. Phillips, em 1958, no Reino Unido. Phillips identificou um trade-off entre essas variáveis, destacando como políticas econômicas afetam a demanda agregada e, consequentemente, o equilíbrio entre inflação e desemprego.


Trade-off entre Inflação e Desemprego

Políticas contracionistas, como aumento de juros e elevação de impostos, são frequentemente usadas para conter a inflação. Contudo, essas medidas podem aumentar o desemprego e reduzir a geração de renda. Por outro lado, políticas expansionistas que reduzem juros podem estimular o emprego, mas frequentemente resultam em maior inflação. Essa dinâmica é representada pela Curva de Phillips, que demonstra a relação inversa entre inflação e desemprego.

  • Curva de Phillips Tradicional:
    Quanto maior a taxa de inflação, menor o desemprego, e vice-versa.
    Por exemplo, políticas para reduzir o desemprego por meio do estímulo à demanda agregada geralmente levam a pressões inflacionárias.

Taxa Natural de Desemprego

O conceito de taxa natural de desemprego é essencial para interpretar a Curva de Phillips. Essa taxa representa o desemprego que ocorre quando a economia opera em pleno emprego (produto potencial).

  • Equilíbrio:
    Quando a taxa de desemprego está na taxa natural, não há pressão para mudanças nos preços.
  • Desequilíbrio:
    Se o desemprego for superior à taxa natural, ocorre excesso de oferta, pressionando os preços para baixo. Já um desemprego abaixo da taxa natural indica excesso de demanda, elevando os preços.

Impacto das Expectativas

A teoria original de Phillips foi criticada por não considerar as expectativas dos agentes econômicos. Com o tempo, essas expectativas foram incorporadas, resultando na Curva de Phillips Expectada.

  • Inflação Antecipada:
    Se os agentes econômicos esperam inflação, ajustam preços e salários antes que ela ocorra.
  • Impacto no Curto Prazo:
    Mesmo que a taxa de desemprego esteja na taxa natural, pode haver inflação devido às expectativas dos agentes.

Choques de Oferta e Inflação de Custos

Além das expectativas e da inflação de demanda, os choques de oferta também afetam a inflação. Esses choques resultam de aumentos nos custos de produção, como:

  • Aumento nos preços do petróleo;
  • Desvalorização cambial;
  • Elevação de tarifas públicas;
  • Aumento salarial desvinculado da produtividade.

A inflação de custos surge desses eventos, diferentemente da inflação de demanda, que resulta do aumento do consumo.


Interação entre Inflação Esperada e Real

Se a inflação real supera as expectativas, pode-se observar uma redução temporária no desemprego. Esse fenômeno é explicado pela movimentação ao longo da Curva de Phillips de curto prazo. No longo prazo, contudo, a inflação esperada se ajusta, e a economia retorna à taxa natural de desemprego.

  • No curto prazo:
    Movimentos ao longo da curva indicam ajustes na relação entre inflação e desemprego.
  • No longo prazo:
    A curva de curto prazo desloca-se, e o desemprego retorna à taxa natural, mesmo com a nova taxa de inflação.

Papel do Banco Central

O Banco Central desempenha um papel central ao controlar a oferta monetária para influenciar inflação e desemprego. Políticas monetárias inesperadas podem inicialmente alterar a inflação real e o desemprego, mas os efeitos se ajustam no longo prazo.

  • Redução da Oferta de Moeda:
    Diminui a inflação real, mas aumenta o desemprego no curto prazo.
  • Ajuste das Expectativas:
    Com o tempo, os agentes incorporam a nova taxa de inflação esperada, e a economia retorna ao equilíbrio.

Conclusão

A Curva de Phillips oferece uma estrutura útil para entender como inflação e desemprego se relacionam no curto e longo prazo. Incorporar elementos como expectativas dos agentes e choques de oferta amplia a relevância dessa ferramenta para análise econômica. Embora as políticas monetárias e fiscais possam influenciar temporariamente essas variáveis, o equilíbrio de longo prazo reflete as condições estruturais da economia.

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