Depósito à Vista: Conceito, Exemplos e Impactos no Sistema Financeiro

depósitos à vista e multiplicação de meios de pagamento, depósitos à vista compulsório base monetária bancos comerciais, Capriata Cursos depósitos à vista instituições monetárias, depósitos à vista exemplos expansão monetária
Foto: Capriata Cursos / Direitos Reservados

Introdução

Quando falamos de dinheiro e funcionamento dos bancos, muitas pessoas logo pensam em cartões, pix ou aplicações financeiras. Porém, existe uma modalidade fundamental para compreender todo o sistema bancário: o depósito à vista. Esse tipo de recurso movimenta a economia diariamente, influencia a base monetária e sustenta a chamada multiplicação de meios de pagamento.

Além disso, depósitos à vista estão diretamente ligados ao compulsório bancário e ao papel dos bancos comerciais como instituições monetárias. Ao longo deste texto, você vai entender como tudo isso se conecta, com exemplos práticos e aplicações que aparecem em provas de certificações financeiras e concursos bancários.

O que é Depósito à Vista?

Depósito à vista é todo valor que o cliente coloca em sua conta corrente e que pode ser movimentado a qualquer momento, sem prazo de carência e sem remuneração. Diferente da poupança ou de aplicações em CDB, o dinheiro disponível na conta corrente não rende juros.

Por exemplo:

  • João recebe seu salário de R$ 3.000,00 em conta corrente. Esse valor está em forma de depósito à vista.
  • Maria vendeu um produto e recebeu via Pix na sua conta do banco. O crédito entrou como depósito à vista.

Ambos podem sacar imediatamente esses valores, transferir para outras contas, pagar contas de luz ou até usar no cartão de débito.

Ou seja, depósito à vista é o dinheiro à disposição imediata do cliente, que circula no sistema bancário e movimenta a economia.

Compulsório sobre Depósitos à Vista

Os depósitos à vista não ficam totalmente disponíveis para os bancos utilizarem livremente. O Banco Central estabelece o depósito compulsório, que é a parcela obrigatória que os bancos precisam recolher e manter imobilizada.

Exemplo prático:

  • Imagine que o compulsório sobre depósitos à vista seja 20%.
  • Se o cliente depositar R$ 1.000,00 em sua conta, o banco é obrigado a recolher R$ 200,00 ao Banco Central.
  • Isso significa que restam R$ 800,00 que o banco pode usar para conceder empréstimos ou realizar outras operações.

O compulsório funciona como instrumento de política monetária. Se o Banco Central aumenta o percentual, restringe a capacidade de crédito dos bancos e, consequentemente, reduz a multiplicação de meios de pagamento. Se reduz, aumenta a liquidez e estimula o crédito.

Bancos Comerciais: Instituições Monetárias

Os bancos comerciais são instituições monetárias porque têm a função de criar moeda escritural ao conceder empréstimos. Quando eles emprestam valores a partir dos depósitos, geram novos meios de pagamento e movimentam a economia.

Por exemplo:

  • Quando um banco empresta R$ 50 mil para uma empresa investir em maquinário, esse valor não sai do cofre físico do banco. Ele é registrado como crédito na conta da empresa.
  • Essa empresa paga seus fornecedores, que depositam os valores recebidos em outros bancos.
  • O processo continua, ampliando o volume de dinheiro circulante.

Esse mecanismo só ocorre porque os bancos comerciais trabalham com depósitos à vista. Sem eles, não haveria a multiplicação de crédito nem a expansão monetária que sustenta o sistema financeiro.

A Multiplicação de Meios de Pagamento

Um dos conceitos mais interessantes ligados aos depósitos à vista é a multiplicação da moeda escritural. Na prática, os bancos utilizam parte dos depósitos recebidos para conceder empréstimos. Esses empréstimos, quando retornam ao sistema bancário, viram novos depósitos, que novamente servem de base para mais crédito.

Exemplo simplificado:

  1. Cliente A deposita R$ 1.000,00 no Banco X.
  2. O compulsório é de 20%, então o banco recolhe R$ 200,00 e empresta R$ 800,00.
  3. O cliente B recebe esse empréstimo e paga R$ 800,00 para um fornecedor, que deposita no Banco Y.
  4. Banco Y recolhe 20% (R$ 160,00) e empresta R$ 640,00.

Esse processo se repete sucessivamente até que a capacidade de multiplicação seja esgotada. A fórmula que mede esse efeito é o multiplicador monetário:

m = 1 / 1 – d x (1 – r)

  • d (DV/MP): a fração do meio de pagamento (MP) que o público mantém na forma de depósito à vista (DV). Ou seja, mostra se as pessoas preferem carregar moeda em espécie ou manter saldo em conta corrente.
  • r (R/DV): a fração dos depósitos à vista que os bancos precisam reter como reserva (compulsório + reservas voluntárias).

De forma simplificada, vamos supor que o d seja 0,3 enquanto o r seja de 0,2, teríamos:

m = 1 / 1 – 0,3 x (1 – 0,2) = 1,32

Ou seja, nesse cenário o depósito inicial gera um multiplicador de aproximadamente 1,32.

Interpretação

  • Quanto maior o d, mais a população mantém recursos em depósitos à vista, e isso aumenta o potencial de multiplicação.
  • Quanto menor o r, mais os bancos podem emprestar, também ampliando o multiplicador.
  • Porém, se o público prefere papel-moeda ou se o Banco Central aumenta o compulsório, o efeito multiplicador cai.

O valor 1,32 significa que, dadas as condições do sistema (público mantendo 30% dos meios de pagamento como depósitos à vista e bancos retendo 20% desses depósitos como reservas), cada unidade monetária da base monetária (BM) consegue gerar até 1,32 unidades de meios de pagamento (M1).

Interpretação econômica

  • Esse valor não é muito alto, pois o público ainda prefere reter parte do dinheiro em papel-moeda (70% neste exemplo, já que só 30% fica em depósito à vista).
  • Além disso, os bancos mantêm uma fração considerável (20%) como reservas, reduzindo a capacidade de multiplicar moeda.
  • Portanto, o sistema bancário, nesse cenário, tem baixo poder de expandir o crédito a partir da base monetária.

Conclusão

Depósitos à vista parecem simples, afinal representam apenas o dinheiro que está disponível na conta corrente. Contudo, eles desempenham um papel essencial na economia. Graças a eles, o Banco Central consegue controlar a liquidez via compulsório, os bancos comerciais multiplicam os meios de pagamento e a base monetária sustenta o crescimento econômico.

Na prática, cada depósito feito por um cliente pode se transformar em vários empréstimos, estimulando o consumo, os investimentos e a geração de renda. Por isso, compreender o funcionamento dos depósitos à vista é fundamental para qualquer pessoa que queira dominar o sistema financeiro, seja para concursos bancários, certificações financeiras ou para atuação profissional.

Aviso de conteúdo

É proibida a reprodução, total ou parcial, do conteúdo desta página em qualquer meio, seja eletrônico, digital ou impresso, sem a devida autorização por escrito dos responsáveis.

Veja Também