Agências de Rating: o que são e como funcionam
Quando uma nota vale bilhões
No mercado financeiro, confiança é tudo. Antes de investir em um título de dívida — seja de um país ou de uma empresa — o investidor precisa saber qual o risco de calote. É aí que entram as agências de rating, que atuam como “avaliadoras de crédito”, atribuindo notas que indicam a capacidade de pagamento de quem está emitindo a dívida. As notas atribuídas não são consideradas selos de qualidade, mas sim uma opinião de crédito.
Mas afinal, como essas notas funcionam? Quem são essas agências? E por que suas avaliações mexem com bolsas, moedas e decisões de investimento no mundo todo? Vamos explicar tudo agora.
O que é uma agência de rating?
Uma agência de rating (ou agência classificadora de risco) é uma instituição independente que analisa a capacidade de crédito de emissores de dívidas — como empresas, bancos, governos e fundos de investimento — e atribui uma nota (rating) que indica o nível de risco envolvido naquele investimento.
Essas notas funcionam como um “termômetro” do risco de inadimplência: quanto melhor a nota, menor o risco de calote. Por outro lado, notas mais baixas indicam maior incerteza, e portanto exigem juros maiores para compensar o risco.
Principais agências de rating do mundo
Três grandes agências dominam o cenário global:
- Standard & Poor’s (S&P)
- Moody’s
- Fitch Ratings
Todas operam internacionalmente e usam escalas próprias, mas com significados semelhantes. Veja um exemplo prático da escala da S&P:
| Nota | Significado | Categoria |
|---|---|---|
| AAA | Risco extremamente baixo (nota máxima) | Grau de investimento |
| AA | Risco muito baixo | Grau de investimento |
| A | Risco baixo | Grau de investimento |
| BBB | Risco moderado | Grau de investimento |
| BB, B | Risco elevado | Grau especulativo |
| CCC ou pior | Alto risco ou inadimplência iminente | Grau especulativo |
| D | Default (calote declarado) | Grau especulativo |
Exemplo prático: Brasil
O Brasil já teve grau de investimento, mas perdeu essa classificação em 2015 após um período de instabilidade fiscal e política. Desde então, oscila dentro do grau especulativo, embora em 2023 e 2024 as agências tenham melhorado a perspectiva da nota, sinalizando maior confiança na economia do país.
Essa mudança impacta diretamente o custo da dívida pública e a entrada de capital estrangeiro. Muitos fundos internacionais, por regra, só podem investir em países com grau de investimento.
Exemplo prático: empresa privada
Imagine que a Petrobras deseje emitir debêntures no mercado internacional. Antes disso, as agências de rating analisam diversos fatores:
- Capacidade de geração de caixa
- Endividamento
- Governança
- Riscos setoriais e políticos
- Histórico de crédito
Após a análise, a agência atribui um rating — por exemplo, BB+ com perspectiva estável. Com base nessa nota, os investidores definem o prêmio de risco necessário para aceitar o título.
Por que as agências de rating são importantes?
As classificações de risco influenciam diretamente:
- Taxas de juros pagas por emissores
- Decisão de investidores institucionais (como fundos, bancos e seguradoras)
- Entrada ou saída de capital estrangeiro em países emergentes
- Valor de mercado de ações e títulos
Além disso, os ratings servem como referência nas provas de certificações, como CPA-20, CEA, CFG e CGA. Também podem aparecer em concursos públicos voltados ao setor financeiro, como Banco do Brasil e BNDES.
Existe alguma crítica às agências de rating?
Sim. Embora sejam fundamentais, as agências já foram alvo de críticas severas, especialmente após a crise de 2008. Na época, elas atribuíram notas altas a títulos hipotecários que, na prática, estavam repletos de ativos podres. Isso contribuiu para o colapso do sistema financeiro global.
Desde então, as regulamentações aumentaram e os critérios de avaliação se tornaram mais rigorosos. No entanto, a discussão sobre conflito de interesses ainda persiste, já que quem paga pela avaliação é o próprio emissor do título.
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